Olhos Melancólicos

14º Episódio

pensamento do Autor:

Nada iguala a satisfação de termos cumprido o nosso dever.
A felicidade consiste na ação, na satisfação do esforço ininterrupto. Muitas vezes, por momentos, sentimo-nos incapazes: a sensação de fracasso é enorme e isso significa que não há sentimento de satisfação ou de triunfo. Porém, o problema é pior se não nos esforçarmos para conseguir resolvê-lo: Nos sentiremos perdidos. Se não tentar... Toda vida carece de sentido.
Capitulo I

Como uma brincadeira do estrupício do Senhor Destino. Eu havia perdido os sentidos, mas ele me fez voltar para sentir a agonia da morte! E como um castigo por ter falhado...
 O bruxo moribundo que antes foi meu grande amigo tinha caído por cima de mim quando as correntes se partiram e tentava me matar com as suas últimas forças!

O Bardo que estava dentro do círculo de onde ele não podia sair, nem desfazer o círculo até que o bruxo estivesse morto, gritava:

- Porque isso está acontecendo? Eu planejei tudo certo! Não posso ser o único a sair vivo dessa imensa escuridão sem sentido.


Ao ouvir a voz de Galeon resgatei uma força que nem eu mesmo sabia onde estava armazenada dentro de mim... Eu estava suscetível a qualquer ataque, pois era uma presa fácil nas mãos do Mago... A escuridão que se apossou de mim naquele momento me fez um cego nas trevas. 
Meu amigo havia se curvado inteiramente diante das trevas e como seu ultimo feito teria a minha morte. 
Senti os ossos do meu pescoço distenderem... Meus últimos restingues de lucidez foram para duas alternativas: Morrer simplesmente para acabar a agonia. 
Ou compreender diante do sufoco que: se um espirito Elemental me colocou ali, diante daquele desafio, era porque algo eu poderia fazer. 
 Num forte ímpeto puxei a respiração com toda força da minha alma. Eu era um Elemental do ar, como podia morrer sem ele? Eu tentava... Mas não conseguia fazer o ar chegar aos pulmões. 
Então me deixei morrer... Eu precisava da doce paz...

Ao me sentir amolecer... "O Cigano bruxo" afrouxou as mãos que me sufocavam...
 Senti-me voltar a vida aos poucos, minha visão começou a clarear... Meus pensamentos se tornaram mais fáceis... Eu havia ressuscitado em mim mesmo... 
São poucas as pessoas que possuem coragem suficiente para romper as barreiras impostas por elas mesmas... E eu havia rompido as minhas barreiras, porque enquanto morria... Eu percebi que havia cravado a espada no Cigano, mas não havia retirado. Nenhum soldado guerreiro deixa sua arma no oponente... Continuei inerte até sentir que poderia reagir...

As palavras do Bardo que eu ouvi na ânsia da morte me fizeram criar a expectativa de que eu não poderia sair perdendo. O Cigano havia me confiado uma missão e eu deveria cumprir até o fim.
 Eu aprendi com Elessar que mesmo nas trevas há bondade, porque nada é tão mal, ou tão bom. 
 Então eu criei a visão em minha mente de que eu deveria extrair daquele mal alguma coisa boa... Senti meu corpo se modificar para um elfo sábio! Eu não era mais a elfinha que chegou ali aos prantos. Todo tormento possível eu já havia passado nesses meses e esse era apenas mais um deles. 
E a sabedoria é algo que ninguém pode nos roubar. 
Enquanto eu pensava senti as mãos do bruxo me apertarem novamente o medo mais uma vez degradou minhas trevas abissais... Senti a fraqueza tomar-me... Sabia que dentro de instantes minha vida se estilhaçaria como vidro... Foi nesse momento que recuperei a coragem.

Encolhi as pernas por baixo do bruxo trazendo os joelhos até junto do peito... Em seguida segurei o cabo da espada e empurrei o "bruxo cigano" com  os pés usando uma força descomunal jogando-o  longe e ficando com a espada élfica na mão...

O "Bruxo cigano" arregalou os olhos e abriu a boca de maneira escancarada e de dentro dele saiu Uma luz negra com raios difusos que ricochetearam nas paredes daquela sala da caverna e acendendo as figuras geométricas bizarras que o Bardo havia traçado e por fim mergulhou na caixinha de prata dele que estava aberta dentro do círculo. Toda aquela luz e raios mergulharam na pequena caixinha enquanto eu estava estatelada no chão segurando a espada... Eu estava muito ferida e sangrava...

Quando acabou aquele desespero dos raios cortantes que feriram em várias partes a minha pele, eu olhei meu amigo jaz no chão da caverna... Arrastei-me até ele... 
Eu sangrava muito e tinha o pescoço deslocado. O Bardo estava terminando sua magia para a prisão do “Signo do Rei”. A pele do cigano estava pálida e sua camisa manchada de sangue. No peito.
 Eu coloquei a mão sobre seu coração e estava inerte, silencioso, nem mesmo um tremor discreto que minha audição élfica captaria. Nada na minha vida tinha sido mero acaso desde que nasci. 
Mas naquele momento eu desejava que tivesse sido apenas um pesadelo... Mas não foi... 
Meu amigo estava ali diante de mim, sereno! Em paz. 
Mas eu não estava. Estava exausta. Meu corpo não chegava a conclusão de que eu tivesse concluído minha missão. Eu tinha feito o que Magno me pediu, mas me doía tanto vê-lo assim inerte... 
Eu queria morrer com ele... Eu queria descansar... Finalmente descansar e nunca mais ter na memória esse momento.

Eu olhei para o Bardo bem na hora que de dentro do círculo dele saiu uma pequena cria macho e veio para junto de nós... Eu estava passando a mão sobre o rosto do Cigano e a cria me olhou melancolicamente... Entretanto, havia um brilho espetacular naquele olhar... Ele tinha no olhar toda vida que eu fui capaz de ver... Nele havia esperança... Era como se aquela cria fosse a minha esperança... Era uma cria com um espirito mais velho...

 Não sei explicar, mas pude ler seus sábios pensamentos... Mas sei que havia algo incomum naquela cria. Não me lembro o que aconteceu a seguir... Os meus pensamentos foram se distanciando de mim e tudo se apagou...

Capitulo II

Acordei em uma cama de retalhos. Meus olhos não se abriram totalmente eu tinha uma névoa que me dificultava enxergar... Assim como quando olhamos debaixo d´água...
Mesmo assim percebi que havia um vulto ao meu lado que me observava bem de perto. 
A imagem se movia como fumaça, mas eu podia ver os olhos do Cigano. Não senti medo algum!
 Eu não era mais uma adolescente. Era um adulto. E aquele olhar parecia ter todas as respostas para minhas perguntas. Mesmo que eu ainda não houvera nem formulado as perguntas para todas as respostas. Provavelmente eu havia morrido... 
Ou estava em um terrível pesadelo...
 A aflição que senti naquele momento quase se apoderou de mim, mas eu pensei. Se eu morri, não tenho mais por que temer. Nada mais vai doer ou me fazer sofrer. 
Nisso... Senti o vento soprar naquele lugar e percebi que ainda estava na caverna ou em uma outra caverna. Senti um frio cortante passar pela espinha e disse para mim mesmo;

- Eu estou viva!

Percebi que aquela presença era de um rosto vivo que se aproximou de mim Estava iluminado em plena escuridão. Olhei em volta as rochas tornava misteriosamente tudo sinistro... Mas a leveza e tenuidade do rosto contrastavam a aparência rustica e grosseira das rochas em torno de mim. 
Senti sua mente atravessar a minha como uma explosão de medo...
 Seus olhos perfuravam-me, violaram-me para em seguida preencher-me de paz interior.
Paz da qual eu não entendia. Havia apenas sentimento em sua forma. 
Um sentimento que valia por mil palavras. Eu pensei: 

"Que aquela deveria ser a forma de que os Anjos usavam para falar conosco. Uma forma de dialogo intuído e não pronunciado".

Aquele momento pareceu-me durar uma eternidade. Eu havia descoberto dentro de mim que a segurança com que eu falava com aquele ser era a certeza de que o espirito que eu orava estava ali. Enfim consegui enxergar completamente a visão fantasmagórica que estava vendo a minutos atrás.

Era Magno! 

Que me olhava profundamente com seus belos olhos castanhos enquanto segurava minha mão.
 Eu não sabia o que pensar; Estávamos mortos e nos encontramos? 
Fechei os olhos... Mas lembrei de que eu tinha prometido a mim mesmo não mais fechar os olhos quando temesse. E os abri! Olhei firme para a visão do Magno e por trás dele surgiu Galeon trazendo um dos seus frascos e disse:

- Que bom que voce acordou bela Dama! Eu ia fazê-la ingerir todo esse medicamento com um canudinho.
E Magno jogou a cabeça para traz como é de costume quando sorri e deu sua gostosa gargalhada.

- Eu não estava sonhando! Não! Não era um sonho! Eu não havia morrido! Nem ele... Mas como? 

 Minha mente variava entre crer ou não nas visões. Como se adivinhasse o que eu estava passando Magno falou pela primeira vez desde que eu vi seu vulto. Ou quem sabe, falou o tempo todo, mas eu não tive capacidade de ouvir.

- Galeon! Vamos beliscar essa Elfa para ela ver que tudo é real?

E Belicou!!!

Ao invés de dor eu senti uma imensa alegria!! Eu tentei gritar o nome dele, mas não consegui devido o estrangulamento... Porém, meus olhos perguntavam tudo que eu queria saber.

Eles me contaram: que a uns tempos atrás depois que viemos da dimensão demoníaca, enquanto o Cigano conversava com seu Mestre sobre ele possuir ou não o “Signo do Rei” Last disse a ele:
Que somente uma alma pura de alguém que o amasse poderia matar o mago que existia dentro dele com uma espada élfica.. 
Essa pessoa deveria ter um grande apresso pelo Cigano ou não daria certo. 
Mas não falou nada sobre Galeon e nem sobre como prender o espirito mal quando saísse do corpo dele. Magno disse que discretamente e sem fazer alarde havia investigado quem seria essa pessoa. 
E que eu fui a “sorteada” .
Por isso ele me pediu sem contar o que realmente eu iria fazer. Se eu soubesse que poderia matar apenas o lado mal que se apoderaria dele sem mata-lo. 
Eu poderia ser descoberta e colocaria minha vida em jogo, como coloquei mesmo sem saber. 

Quando pedi ajuda ao bardo que sabe lidar com transmutação de espíritos. O Bardo desconfiou do que aconteceria, pois já fez isso antes. Então ele levou todas as suas coisas para prender o espirito.

Eu estava tão apavorada em ter que matar meu amigo para livrá-lo do inferno, que errei quando deixei a espada fincada nele. Enquanto eu não tirasse a espada o bruxo não morreria deveras. 
 Mas eu não sabia disso também. Eu fiz como qualquer soldado faria. 
 E por coincidência era o que faltava para salvar Magno do lado do mal.

Quando ele me abandonou sentada naquela árvore. Foi até o Kaku do seu acampamento e pediu que fizesse uma magia poderosa naquelas correntes , porque ele temia me atacar quando eu chegasse junto dele. O Kaku fez as correntes magicas e ensinou a ele como usar os pregos mágicos na parede da caverna. O Kaku ensinou a ele; que apenas a aproximação dos braços da pessoa a quem ele queria prender junto a rocha, os pregos entrariam profundamente na rocha e só sairiam com outra magia. Que cortasse a dele. (Que no caso foi a espada élfica)

Magno foi para o fundo dos labirintos, escolheu o salão mais amplo da caverna, para que não houvesse estalagmites ou estalactites que pudessem me matar com o poder dele. 
 Colocou as correntes nos pés pregou os pregos, em seguida prendeu as correntes nos pulsos, abriu os braços e bateu com os punhos fechados na parede rochosa, fazendo os pregos entrarem como o Kaku explicou.

Eu tentei perguntar ao Bardo se tudo que aconteceu teria sido realidade:

Ele pediu que eu não falasse até que minha garganta estivesse plenamente bem e balançou a cabeça dizendo que sim e concluiu:

- A sua promessa de sigilo também foi real Bela Dama.

Eu consenti com a cabeça. Eu nunca contaria a ninguém os seus segredos.

Olhei as vestes dele rasgadas e disse com a mente: que eu o preferia assim. Com as belas coxas de fora do que com aquela roupa de bobo da corte.

Ele agradeceu com um belo sorriso. Claro! Convencido como é, sorriu por eu ter “dito” belas coxas. 

Todos nós rimos. E eu gemi porque doeu minha garganta. 

Minutos depois chegou Elessar apavorado com seu “alforje de primeiros socorros”. Examinou Magno que tinha uma cicatriz em formato de coração sobre o mesmo. Elessar olhou para ele por vários segundos, profundamente. Em seguida mostrou as presas em desaprovação. Magno abaixou a cabeça em silêncio, mas com ar de satisfação!
Elessar foi até mim, me pegou nos braços e quando ia saindo comigo. Olhei para Magno que tinha o braço no ombro do Bardo Galeon. Eram lindos eles dois. Eu perguntei mentalmente a Galeon.

- E a cria? Onde está?

- Dentro do Cigano! No seu devido lugar!

Ele respondeu mentalmente com um largo sorriso que deixou seus belos olhos cinzentos bem apertadinhos, como dois risquinhos....

E eu fui para o Nefah nos braços de Elessar que estava todo meigo. E me deixando ler seus pensamentos

Que.... Eu...  Bem... Eu adorei...
...........

Comentários

  1. Uau...lindo eu chorei quando o garoto chegou perto, sigel que mente brilhante menina, me identifiquei que mesmo na dor não perde a piada...qd tirou onda com amigo das belas coxas a mostra rs e a risada discreta do cigano.. vocês são uns amores

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